A política de preço implementada
pelo então presidente da Petrobras, Pedro Parente, definiu que diariamente o
preço dos combustíveis poderia ser alterado de acordo com as oscilações dos
preços do barril de petróleo e do dólar no mercado financeiro. Desta maneira, o
óleo diesel S-10 sofreu um reajuste de 21,4% em dois meses. O resultado foi a
greve dos caminhoneiros que parou o país em maio do ano passado.
Para encerrar a greve os
caminheiros não exigiram a mudança na política de preço, apenas que o preço do combustível
diminuísse. Mirando no efeito e não na causa, eles deram margem para o governo Temer
resolver o problema anunciando subsídio no preço do diesel até o final do ano. Ou
seja, o preço continuaria sendo aumentado pela Petrobrás, mas o governo pagaria
à estatal a diferença para o consumidor não sentir a diferença diretamente no
bolso.
Paradoxalmente, estes mesmos
caminhoneiros apoiavam o então pré-candidato e hoje presidente Jair Bolsonaro que
já se abraçava com a agenda econômica liberal para ganhar simpatia do mercado
financeiro e já tinha Paulo Guedes como ministro da economia anunciado
esbravejando contra qualquer política de subsídio. Ou seja, os grevistas lutavam
por uma solução que tinha data certa para acabar.
Vamos aos números para entender
como andamos em círculos:
Em março de 2018, quando a
Petrobras distribuía o diesel a R$ 2,26, o barril do petróleo era
comercializado a US$ 65,49 e o dólar estava em R$ 3,25. Ou seja, o barril do
petróleo custava R$ 212.
Em maio, mês no qual estourou a greve,
o diesel era distribuído por R$ 2,75. Um reajuste acumulado de 21,4% porque o barril
do petróleo passou para US$ 78,51 e o dólar estava em R$ 3,74. Ou seja, o
barril do petróleo custava R$ 293.
Até ontem o diesel estava sendo distribuído
a R$ 2,51, mas o barril de petróleo bateu a máxima do ano em US$ 72,27 e o
dólar está em R$ 3,94. Ou seja, o barril do petróleo está custando R$ 284.
Se o preço do diesel até ontem estava
8,7% abaixo daquele que gerou a crise no ano passado, mas o preço do petróleo
está apenas 3% abaixo daquele tempo, o governo federal tinha três opções:
1. Congelar o preço do diesel sacrificando o lucro da Petrobras e desagradando o mercado;
2. Pagar a diferença com os nossos impostos;
3. Reajustar o preço do combustível.
1. Congelar o preço do diesel sacrificando o lucro da Petrobras e desagradando o mercado;
2. Pagar a diferença com os nossos impostos;
3. Reajustar o preço do combustível.
O reajuste, que impacta os preços
dos fretes e, portanto, de todos os produtos brasileiros, é fruto da falta de
uma política energética que dê ao país autonomia em relação ao mercado
internacional.
Temos reservas naturais e
conhecimento técnico para resolver nosso problema internamente, mas só no ano
passado compramos do exterior 21,9 BILHÕES DE DÓLARES de produtos derivados de
petróleo. Isto representa 12,1% de todas as nossas importações. Dinheiro que
poderia estar sendo investido aqui gerando os empregos precisamos.
O governo Dilma errou em não
construir as refinarias Premium de Bacabeira e de Pecém, o governo Temer
aumentou a dependência brasileira do mercado externo e o governo atual, eleito
com apoio dos caminhoneiros, tem como projeto central fazer a entrega total da
nossa matriz enérgica.
Que Deus tenha misericórdia dessa
nação.
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