No meio da correria de uma tarde de quarta-feira no Congresso Nacional o jornalista Franklin Martins parou para conceder uma rápida entrevista a este blog.
Blog do Braga: Franklin, você se declara um homem de esquerda e já não é nenhum garoto. Você tem algum problema?
Franklin Martins: Eu não. Por causa do que o Lula falou? Acho que foi uma besteira dele.
BB: Mas ainda há esquerda?
FM: Sim, claro. São formas diferentes de ver o mundo. A direita acha que o mundo muda naturalmente, a esquerda acha que tem que lutar para mudar. A direita acha que existem desigualdades porque uns são mais capazes do que outros, a esquerda acredita que há desigualdades porque uns têm mais oportunidades do que outros e que todos devem ter as mesmas oportunidades. Claro que ainda existem a esquerda e a direita.
BB: Como homem de esquerda você participou da resistência ao regime militar. Muitos dos que fizeram isso acabaram indo para a vida pública. Você pensou em fazer o mesmo?
FM: Eu tenho uma vida pública como jornalista.
BB: Mas pensou em ser deputado ou alguma coisa assim?
FM: Eu fui candidato a deputado no fim da ditadura, mas como uma forma de lutar contra o regime. Hoje não penso em ser deputado nem nada neste caminho.
BB: Você participou, ao lado do hoje deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), de um dos momentos mais emblemáticos da resistência que foi o seqüestro do embaixador americano. Como é sua relação com o Gabeira hoje?
FM: É uma relação formal. Nunca tive uma relação realmente boa com ele e ficou um pouco pior depois que ele escreveu aquele livro "O Que É Isto Companheiro?".
BB: Por que?
FM: Porque é um livro desonesto.
BB: Em que pontos?
FM: Ele tentou passar a impressão de que tinha alguma coisa contra aquilo tudo quando, na verdade, não tinha.
BB: Tem a questão do texto que foi lido na TV que ele disse ter escrito.
FM: E ele sabe que não foi isso que aconteceu. Ele passou a impressão errada sobre alguns companheiros que já não estão aqui para se defender, o que é, no mínimo, pouco solidário.
BB: Agora falando sobre jornalismo. O que você achou da postura da imprensa durante a crise política, durante a eleição?
FM: Olha, eu dei um entrevista a revista "Caros Amigos" e o que penso sobre isto está lá. Agora, a pergunta importante na crise era: De onde veio o dinheiro do valerioduto e pra onde foi este dinheiro? Se soubéssemos isto saberíamos o que aconteceu realmente, mas a imprensa não tem a resposta para esta pergunta. A imprensa fez um bom trabalho? Não.
BB: Durante essa crise do valerioduto a imprensa bateu no governo Lula de todas as formas possíveis e você nem tanto. Acabou saindo da Globo. Quem não fala o que o dono da empresa quer acaba indo pra rua?
FM: Não, hoje não falo o que o dono da imprensa quer e não estou desempregado. Não bati como outros porque me prendi apenas aos fatos. Fatos que eram sérios, graves, que tinham de ser denunciados e investigados. Não precisava ficar tentando arrumar um fato novo a cada semana para manter aquele clima de crise. E olha, não vou ficar falando mal da TV Globo não, trabalhei lá por oito anos e meio e foi bom enquanto durou.
BB: Muitos, como o "Anão de jardim", lhe acusam de fazer parte de uma imprensa chapa-branca.
FM: Nem sou imprensa chapa-branca no governo Lula, nem fui no governo Fernando Henrique, nem fui no governo Collor. Só não sou parte da imprensa marrom, nem gosto de linchamentos públicos.
Comentários
Acho q assim vc vi longe...
Continue sempre com seus ideais e buscando a verdade...
Sabemos que a esquerda é o certo, mas tem gente q ainda precisa dessa prova e vc está aqui pra isso...
A entrevista foi ótima!!!
Bjss
Salve a Internet!