O poço institucional no qual o Brasil se meteu tem um fundo
sempre disposto a descer mais um pouco. A nova descida é a notícia que o dono da
OAS teve sua delação premiada negada por não envolver o presidente Lula em
qualquer ilícito.
Quando não em silêncio, assistimos esses atropelos com
aplausos. Réus sendo condenados confessadamente sem provas, penas sendo
confessadamente infladas artificialmente, senador sendo preso sem flagrante nem crime inafiançável, afastamento de um presidente da Câmara sem
nenhum dispositivo legal para tal, prisões por condenações em segundo grau
mesmo que ainda caiba recurso. Tudo isso ao arrepio da lei e com anuência de um
Supremo Tribunal Federal acovardado e julgando cada peça com a faca no pescoço.
Condução coercitiva de quem se dispor anteriormente a depor
e intercepção telefônica entregue pelo juiz à Globo a tempo de sair no Jornal
Nacional. Tudo impune, tudo em nome de uma guerra santa que se propõe
"refundar a República", mas tem alvo certo desde o início: Lula e sua
pré-candidatura à presidência da República.
Para isso, não pode homologar delação que não o incrimine.
Pior, espera-se a delação de dois empresários (Léo Pinheiro e Marcelo
Odebrecht) avisando que só um dos dois terá o benefício e não será tolerada
versão que inocente o sapo barbudo. Quem colocar primeiro o nome dele na roda
vence. Valendo!!!
Mas ninguém pode apontar o absurdo no exposto porque
trata-se de algo acima de qualquer discussão. Para livrar o Brasil de Lula e do
PT parece valer tudo. Rasgar as leis, a Constituição e qualquer noção de Estado
moderno, democrático e de Direito.
Será que vale mesmo?
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