No dia 2 de maio de 2001, a revista Veja chegou às bancas com a matéria "O efeito da popularidade". "A imagem desgastada não impede que FHC emplaque seu candidato no topo da corrida de 2002", dizia o sutiã da matéria.
Naquela época o instituto Sensus dava a avaliação positiva do Efeagacê em 29,7% e apenas 15% dos eleitores diziam-se dispostos a votar no candidato indicado pelo então presidente, segundo estudo realizado pelo próprio PSDB.
Trecho da matéria de Veja:
"Pesquisas de opinião, lembra o diretor do Ibope, Carlos Augusto Montenegro (grifo meu), são o retrato de um dia. Ou seja, o que se vê hoje pode desaparecer amanhã. (...) Mas sabe-se que sua posição (a da popularidade de Efeagacê) vai dar a medida da influência de FHC na próxima eleição. A respeito disso, existe uma idéia que se vem tornando consensual sobre a sucessão de 2002. Salvo um desastre de qualquer natureza, diferentemente do que parece, quem quer que seja o candidato apoiado por FHC em 2002 será um adversário poderoso."
O fim desta história todo o mundo sabe. Lula quase ganha no primeiro turno e massacra o candidato tucano no segundo turno.
Nesta semana a mesma revista veio as bancas com uma matéria bem diferente. "Lula não fará seu sucessor", diz a manchete com aspas. A frase não é da revista, ela jamais seria irresponsável ao ponto de afirmar algo assim tão categoricamente. A frase é o entrevistado. Quem? Carlos Augusto Montenegro.
A matéria começa com um perfil de Montenegro. Segue:
"Carlos Augusto Montenegro é um dos mais experientes analistas do cenário político nacional. Presidente do Ibope (instituto ligado à rede globo, grifo meu), empresa que virou sinônimo de pesquisa de opinião pública no Brasil, ele acompanhou com lupa todas as eleições realizadas no país desde a volta à democracia, em 1985. Agora, faltando pouco mais de um ano para a sucessão presidencial, Montenegro faz uma análise que o consagrará se acertar"
Um gênio, em resumo. Um homem preparado, eu diria.
O guru diz no meio da entrevista: "Sua reeleição (de Lula) foi um plebiscito para decidir se deveria continuar governando mais quatro anos ou não. Mas tudo indica que agora ele não fará o sucessor justamente por causa da mesmice na qual o PT mergulhou".
Depois disso vem a grande pérola:
"Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava - e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência. Um candidato que foi deputado constituinte, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade do país e governador do maior colégio eleitoral é naturalmente favorito. Ele pode cair? Pode. Mas pode subir também."
Cómico, se não fosse trágico. Trágico porque este senhor preside um instituto de pesquisa de opinião pública no qual o povo brasileiro de fato confia e que influencia suas posições.
Ora, por ter sido tudo isso que Montenegro lembra José Serra aparece com essa suposta intenção de voto nas pesquisas. O que, na verdade, não passa de recall. Todo mundo já o conhece, ele não tem mais espaço pra subir, pelo contrário, não para de cair.
Essas previsões são, na verdade, torcida. Errou em 2002 e errará em 2010.
Comentários
Dilma nunca decolou, essa é a verdade, não tem carisma e não empolga. Serra é um velho conhecido e só de parar de fazer as besteiras que anda fazendo vai conseguir alguma coisa nessa eleição.
Tudo vai depender do cenário que o país e os candidatos estierem enfrentando no ano que vem e é ainda muito prematuro para fazer qualquer previsão. Até lá; muita coisa pode acontecer.
Marina terá os votos que o Cristovam teve na última eleição e, no máximo, os da vareadora Heloísa Helena, se esta não for candidata.
Em 2010 o debate será mais de projetos do que de pessoas. Nem Dilma nem Serra tem carisma, mas eles representam projetos políticos claros. Um amplamente rejeitado pela maioria do povo brasileiro, o outro aprovado por mais de 70%.
Aposto em Dilma.